O iminente fim do subemprego e a escassez crescente de mão de obra
Por Kalebe Alves
Nos últimos anos, tenho refletido sobre o futuro da mão de obra humana. O avanço da informalidade, o crescimento do trabalho digital, a automação e a inteligência artificial estão transformando rapidamente o mercado de trabalho. Mas como essas mudanças afetam a oferta de empregos de baixa remuneração? Como será o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras em um sistema que, muitas vezes, se mostra insustentável do ponto de vista social e ambiental? Para aprofundar esse debate, trarei essa discussão em uma série de quatro textos publicados quinzenalmente.
Basta entrar em um supermercado, padaria ou outro estabelecimento comercial para perceber a quantidade de anúncios de vagas para funções como repositor, ajudante de padeiro e operador de caixa. No entanto, mesmo com tantas oportunidades disponíveis, muitas empresas enfrentam dificuldades para preencher esses postos. Uma das soluções encontradas tem sido a instalação de caixas automáticos, onde os próprios clientes realizam o pagamento de suas compras. Isso levanta um questionamento importante: por que cada vez menos pessoas aceitam empregos com longas jornadas e baixos salários? Mesmo com a taxa de desemprego no Brasil registrando um dos menores índices da história – entre 8,5% e 8,6% –, o problema da escassez de mão de obra persiste. Abaixo, selecionei alguns dos principais motivos que ajudam a entender esse cenário:
Salários Baixos e Alta Inflação
A inflação tem reduzido o poder de compra da população, tornando os salários insuficientes para cobrir despesas básicas. Diante disso, muitos trabalhadores buscam alternativas mais vantajosas e flexíveis, como a informalidade, o trabalho autônomo e o empreendedorismo.
Crescimento do Trabalho Autônomo
Aplicativos de entrega e transporte, como iFood, Uber e 99, se tornaram opções atraentes por oferecerem mais liberdade e, em alguns casos, uma remuneração maior do que empregos formais com salários baixos. Além disso, o crescimento do comércio eletrônico tem permitido que muitas pessoas empreendam e se sustentem sem vínculos empregatícios tradicionais.
Falta de Benefícios e Condições Precárias
Muitos empregos de baixa remuneração vêm acompanhados de condições de trabalho insatisfatórias, como jornadas exaustivas, poucas oportunidades de crescimento e ambientes pouco saudáveis. Empresas que investem em benefícios, como vale-alimentação, plano de saúde e horários flexíveis, tendem a atrair mais candidatos. Se a companhia ainda trabalhar ativamente a promoção da diversidade e cuidados com a segurança psicológica, as chances de um colaborador permanecer por lá é ainda maior.
Mudança de Perfil e Expectativas Profissionais
Jovens estão prolongando sua permanência nos estudos e adiando a entrada no mercado de trabalho. Além disso, cresce a busca por qualidade de vida, tornando menos atrativas as vagas que exigem alta carga horária e oferecem baixos salários.
Influência dos Programas Sociais
Auxílios governamentais, como o Bolsa Família e o seguro-desemprego, podem reduzir temporariamente o interesse por empregos de baixa remuneração, especialmente quando a diferença entre o benefício e o salário oferecido é pequena.
O Que Pode Ser Feito?
Para atrair trabalhadores, as empresas precisam repensar suas estratégias. Salários mais competitivos, benefícios atraentes e um ambiente de trabalho saudável são diferenciais importantes. Além disso, o incentivo à qualificação profissional e políticas que favoreçam o emprego formal podem contribuir para um equilíbrio maior no mercado de trabalho.
O futuro do trabalho está mudando rapidamente. Como empresas e trabalhadores irão se adaptar a essas novas dinâmicas? Essa será uma das reflexões que me proponho a trazer nos próximos textos. Conto com a leitura e participação de vocês nos comentários!
Legenda: Imagem criada por inteligência artificial/chatgpt.com

Kalebe Alves tem 36 anos e um “doguinho” chamado Jorel. É graduado em Comunicação Social pela PUC Minas e pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela CONQUER. Atua há mais de 15 anos no mercado de Comunicação e, nas horas vagas, escreve e canta músicas com a banda Superlua.