20/01/2025
Notícias

Meta e a Exclusão da Verificação de Fatos: O Que Está em Jogo?

Ontem (07/01), Mark Zuckerberg, fundador da Meta, fez um anúncio surpreendente sobre mudanças nas políticas de verificação de fatos no Instagram, Facebook e WhatsApp. Em resumo, ele afirmou que as plataformas deixarão de contar com agências independentes para essa tarefa, substituindo-as por um sistema de “notas da comunidade”. Isso significa que o conteúdo compartilhado deixará de passar por uma curadoria externa, ficando mais suscetível a desinformação. Além disso, as plataformas deixam de se alinhar com as legislações específicas de cada país onde atuam.

Se Zuckerberg conhecesse Cazuza, poderia ter colocado “Maior Abandonado” como trilha do seu discurso, mais especificamente a parte que ele canta que “mentiras sinceras me interessam”. Mas o recado está claro: a Meta está priorizando seus interesses financeiros, e há muitos pontos preocupantes que precisam ser discutidos.

  1. O lucro acima da liberdade de expressão

A Meta não está defendendo a liberdade de expressão, mas sim garantindo a liberdade de lucrar. Conteúdos extremistas e notícias falsas geram mais engajamento e, consequentemente, mais receita publicitária. Esse é o verdadeiro interesse por trás da decisão.

  1. A queda no tráfego pago

Os investimentos em anúncios nas redes sociais estão diminuindo, e essa mudança de política parece ser uma tentativa de recuperar as perdas, mesmo que isso implique abrir mão do compromisso com um ambiente seguro e confiável.

  1. O desrespeito ao Poder Judiciário

Zuckerberg se referiu ao STF brasileiro como um “tribunal secreto”, uma declaração ofensiva e desrespeitosa ao nosso sistema jurídico.

  1. A importância da regulamentação das Big Techs

As Big Techs, como a Meta, devem ser reguladas como qualquer outro veículo de comunicação, seja uma emissora de TV, um portal de notícias, um rádio ou um jornal. As redes sociais produzem e distribuem conteúdo em larga escala, influenciando sociedades inteiras, e precisam responder às mesmas regras que garantem responsabilidade editorial.

  1. O rigor do jornalismo tradicional

Diferente das redes sociais, o jornalismo sério envolve profissionais dedicados a garantir que a informação divulgada seja precisa. E, quando há erros, existem mecanismos para corrigir e responsabilizar. Sem curadoria externa, as redes sociais amplificam o risco de propagação de fake news.

  1. O impacto das fake news na sociedade

Notícias falsas geram consequências graves. Por exemplo, teorias conspiratórias sobre vacinas ainda encontram adeptos, mesmo após décadas de comprovações científicas. A decisão da Meta pode agravar esse problema.

  1. Competição desleal com produtores locais

As Big Techs geram receita em seus países de origem, enquanto criadores locais precisam cumprir regras fiscais e trabalhistas. Sem regulamentação, essa competição desleal prejudica economias locais e diminui oportunidades de emprego.

  1. O acesso ilimitado à informação

Hoje, qualquer criança com um smartphone tem acesso a um volume gigantesco de informações. A questão é: o que ela vai consumir? Sem curadoria, o mesmo dispositivo que pode ensinar origami também pode ensinar a fabricar armas caseiras.

  1. A responsabilidade coletiva pelo conhecimento

Em “Homo Deus”, Yuval Noah Harari destaca que o compartilhamento de conhecimento foi essencial para a humanidade superar guerras, fome e pestes. No entanto, o mesmo conhecimento, quando disseminado irresponsavelmente, pode causar grandes catástrofes.

  1. A ameaça da desinformação automatizada

A inteligência artificial não vai nos escravizar fisicamente, mas a entrega do controle da informação aos algoritmos pode criar uma sociedade ainda mais polarizada. Sem regulamentação humana e legal, estamos à mercê do caos – algo extremamente lucrativo para empresas como a Meta.

Conclusão

A decisão da Meta não é apenas uma mudança interna de políticas. Ela afeta diretamente o futuro da sociedade. Ao priorizar lucros em detrimento da responsabilidade social, Mark Zuckerberg e sua empresa colocam em risco o acesso a informações confiáveis e o próprio tecido social.

É hora de questionarmos qual humanidade queremos construir: uma baseada em conhecimento seguro e diálogo ou uma refém do caos digital lucrativo.

editor
Kalebe Alves tem 36 anos e um “doguinho” chamado Jorel. É graduado em Comunicação Social pela PUC Minas e pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela CONQUER. Atua há mais de 15 anos no mercado de Comunicação e, nas horas vagas, escreve e canta músicas com a banda Superlua.

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