Quando a pauta “Causa Animal” é colocada em evidência, não se trata apenas da parte sentimental da proximidade entre humanos e animais. É fundamental que a sociedade e o poder público reconheçam que se trata de saúde pública e uma responsabilidade social.
Segundo dados da pesquisa “Índice de Abandono Animal”, em 2024 estimava-se que haviam mais de 30 milhões de cães e gatos abandonados no Brasil, o que representa 25% da totalidade destes.
Mudam – se os cenários, mas a realidade é a mesma. Então, não seria diferente no interior do estado, em nossa cidade. Basta dar uma volta pela cidade para perceber que o abandono e o descaso estão entre nós.
Essa situação é resultado de um conjunto de fatores que se repetem desde sempre. Temos uma cultura enraizada que os animais merecem “dar uma voltinha” na rua sem supervisão, que animais precisam acasalar pelo menos uma vez na vida, dentre outras desculpas. Em pouco tempo, a mesma pessoa que pensa dessa forma estará anunciando: “adoção responsável, só para quem cuida”.
Em contrapartida, temos histórico de gestores que fecham os olhos para o problema. Atualmente, o conceito de “Saúde Única” prevalece. Isso significa que não é possível dissociar a saúde animal da saúde humana. As zoonoses são doenças transmitidas dos animais para os humanos. Quando se fala dessas doenças, precisamos nos atentar a leptospirose, toxoplasmose, leishmaniose, dentre outras. Além das doenças, a grande quantidade de cães e gatos nas ruas oferece riscos no trânsito e para os pedestres. Comumente, são relatados acidentes automotivos e episódios de mordedura. Não podemos nos esquecer do abandono de animais de grande porte nas vias públicas, mas será assunto para uma próxima oportunidade. Por último, não menos importante, precisamos entender que os animais não são vilões nessa história. Todo esse cenário acarreta sofrimento e fere os princípios de bem estar animal.
A sociedade precisar cobrar ações públicas efetiva. Mas, enquanto os projetos não saem do papel precisamos agir. A causa animal é um trabalho de formiguinha, então comece pelo pouco. Um vasilhame de água e ração na porta de sua casa ou trabalho já vai fazer o dia de um bichinho feliz.

Médica veterinária, defensora da causa animal, vereadora. Atua em Abaeté como protetora independente e voluntária. Apaixonada pelos animais e por Abaeté, sempre lutou por políticas públicas eficientes e conscientização da população. Sonha por uma cidade melhor para toda forma de vida.